Fumo na gravidez: conheça os riscos para a saúde da mãe e do bebê
Publicado em
28/08/2024
O fumo prejudica não apenas o fumante, mas também quem está ao redor, inclusive quem ainda não nasceu. Os impactos do tabagismo na gestação são graves e podem provocar a prematuridade, o abortamento e a morte súbita infantil, além de repercussões graves ao longo de toda a vida, como malformações congênitas e alterações neurológicas, que provocam danos ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança.
“A nicotina reduz a quantidade de sangue que chega à placenta e assim pode levar a um desenvolvimento prejudicado de todos os órgãos, levando o feto a uma restrição de crescimento, que é especialmente importante no subdesenvolvimento do cérebro, o que no futuro pode levar a deficiência na aprendizagem”, explica a ginecologista da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), Maria da Guia de Medeiros Garcia. Ela ressalta que o fumo pode causar o baixo peso do bebê ao nascer, prematuridade, gravidez tubária, deslocamento prematuro da placenta e deficiências no coração, cérebro e face.
“A nicotina passa rapidamente para o leite materno, e atinge concentrações que podem ser até mesmo mais altas do que as concentrações no sangue da mãe, e está associada à redução na produção e às mudanças na composição e sabor do leite materno. As crianças cujas mães fumam podem apresentar maior desatenção no aprendizado. Ainda pode levar o bebê a não ter sono reparador, e a desenvolver alergias e dificuldades na respiração”, explica Maria da Guia.
A profissional ainda enfatiza que as complicações do tabagismo para a saúde da gestante são as mesmas para a população geral, como o desencadeamento de doenças cardiovasculares; câncer de mama e de pulmão; e doenças respiratórias.
A ginecologista também alerta sobre os riscos da fumaça do cigarro para o bebê. “Ninguém deve fumar ao redor de um bebê. Quem está por perto apenas inalando a fumaça do ambiente também compartilha dos riscos de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo, incluindo câncer de pulmão e problemas cardiovasculares”.
De acordo com a profissional, o cigarro também pode ter influência para a infertilidade, ao possuir substâncias e componentes como a nicotina, o alcatrão e o monóxido de carbono, que afetam diretamente o aparelho reprodutor tanto de homens como de mulheres. “Essas substâncias tóxicas causam oxidação nos óvulos, o que resulta em uma diminuição drástica da sua quantidade e qualidade”, explica Maria da Guia.
“É um desafio parar de fumar, mesmo na gravidez. É preciso muita conscientização, exercícios físicos leves, como caminhada e hidroginástica e alimentação saudável. Aconselhamento médico também é outra importante estratégia para esclarecer os malefícios que pode trazer para o bebê”, destaca a profissional.
Tratamento gratuito para a dependência química do fumo
Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento contra o tabagismo, a doença crônica causada pela dependência à nicotina, é gratuito. Esse cuidado ao dependente envolve uma equipe multiprofissional, composta por médicos e psicólogos, e o uso de medicamentos.
Segundo a OMS, não existe um nível seguro de consumo de tabaco e todas as formas de uso são prejudiciais, incluindo o cigarro eletrônico e o narguilé, por exemplo. A entidade incentiva os países a promoverem um autocontrole do tabagismo com campanhas de conscientização, de monitoramento, de proteção das pessoas contra a fumaça, de ajuda para quem quer parar, de proibição de publicidade e patrocínio e de medidas para aumentar os impostos sobre o tabaco. O Brasil é um dos poucos países a atingir esse nível de controle e combate ao fumo, sendo um modelo nesse campo.
UFRN